domingo, 12 de fevereiro de 2017

ENTREVISTA COM ESTRELAS: THE BASEBALLS


Sem assistentes de palco, mas com topete no palco do ESC [Eurovision Song Contest][1]

A banda de Berlim está na pré-seleção alemã da Eurovision Song Contest. Eles querem mostrar o seu estilo anos 50 no palco da competição pop.

Entrevista realizada por Alina Bähr para o site alemão SUPERillu.de
Traduzido por: TBB BRASIL FANPAGE

Eles ficaram conhecidos em 2009 com a sua versão Rock ‘n’ Roll do megahit de Rihanna ‘Umbrella’. E conhecidos principalmente no exterior: o seu álbum de estreia “Strike” (2010) atingiu a posição número um na Finlândia, Suécia, Noruega e Bélgica. Enquanto isso, The Baseballs tinha dois “Echos”[2] na prateleira, incluindo o de “Melhor Artista Nacional no exterior”[3]. E no dia 13 de março, Basti de Magdeburg, Sam de Reutlingen e Digger de Rheine querem ser os escolhidos para representar Alemanha, no dia 10 de maio, no Eurovision Song Contest a ser realizado em Copenhague. Entrevistamos Basti, Digger e Sam no restaurante “Fabulous Route 66 Diner”.   


 Como decidiram participar da pré-seleção do ESC?

Basti: A verdade é que foi ideia dos nossos fãs. Nos últimos anos, nas turnês, muitas vezes nos perguntaram o porquê de nem sequer tentar. Como por muito tempo só cantávamos principalmente covers, nunca foi uma opção. Mas, como já tínhamos concordado em fazer um novo álbum, principalmente com canções próprias, vimos que seria era uma grande oportunidade de experimentar as novas músicas e também apresentá-las em um grande palco. Então, nós carinhosamente batemos na porta da NDR[4] e perguntamos se podíamos entrar.
Sam: Foi mais parecido com a batida de um aríete!
Basti: Exato! Naturalmente estamos mais propensos a fazer uma apresentação que contrasta com o ESC. Não haverá dezenas de trocas de roupa nem usaremos ternos com lantejoulas.
Digger: E com certeza nenhum Hot Pants!
Basti: Ninguém quer ver isso. Não haverá assistentes-dançarinas de palco nem elaborados passos de dança. Mas, o ESC, de fato, também apresenta coisas que não se encaixam no esperado. E não há nada de errado com um pouco de Rock’n’Roll.
Sam: O engraçado foi que, como fomos muito bem-sucedidos na Finlândia, a nossa gravadora finlandesa queria que representássemos à Finlândia.
Digger: A Suíça também não quis?
Basti: Sim. Mas, nós estávamos de acordo: Se íamos fazer isso...
Todos: ...então seria apenas pela Alemanha!


Não foi Ralph Siegel que compôs a música?

Digger: Não, nós escrevemos as nossas músicas.
Basti: Mas, de fato, temos trabalhado em conjunto com o compositor da música vencedora do ano passado. Não nas músicas com as quais competimos na pré-seleção[5], senão em algumas outras faixas do novo álbum. Quando fizemos essas músicas, não estávamos obcecados em incorporar elementos que as fizessem vencedoras, o que nós queríamos era seguir as regras.

O que significa isso?

Basti: A música devia ter três minutos de duração e enquanto a maioria dos músicos tiveram que encurtar as suas, nós tivemos que estendê-las. Assim é o Rock ‘n’ Roll. Mas, o mais importante para nós era ser autênticos e fazer o que fazemos de melhor. Quando você finge para se encaixar no ESC, todos percebem imediatamente.

No ano passado, a participante alemã ‘Cascada’ não teve bons resultados. Vocês têm medo que aconteça o mesmo com vocês?

Sam: Talvez eles tenham pensado: Soa como a vencedora do último ano, então deve funcionar agora!
Digger: Pelo fato de eles serem bem-sucedidos internacionalmente, devem ter pensado que estavam garantidos lá fora. Infelizmente, para mim, também se assemelhava muito ao vencedor do ano anterior.
Sam: No final, simplesmente a música tem que ser boa.
Basti: Não queremos questionar o talento. Mas, contar com a vitória antecipadamente é um problema. Não importa o quão bem-sucedida uma pessoa é no seu próprio país, no final você deve convencer a todos com a canção.
Sam: Inglaterra é um bom exemplo. Eles, muitas vezes, enviaram estrelas consagradas para o concurso, os nomes que vêm à minha mente são Engelbert Humperdinck e Bonnie Tyler. Eu não vou pôr em tela de juízo as composições, mas eles podem ter se preocupado mais em ter grandes nomes da música e negligenciado um pouco as canções.

Como vocês vêm as suas chances?

Digger: Nós não queremos falar sobre isso. Achamos que ainda não é a hora de falar sobre isso, se conseguiremos vencer aos outros participantes. Porque os outros participantes da pré-seleção do ESC são realmente bons. Nós ficaremos muito orgulhosos, se todo ocorre bem. E seria muito legal se pudéssemos apresentar a segunda música[6]. Nós estamos focados principalmente em estar no palco e mostrar, nesses três minutos, que no fundo só queremos fazer música e nos divertir.


Para o seu novo álbum vocês compuseram as suas próprias músicas. Por que os fãs tiveram que esperar tanto tempo?

Basti: Para ser mais precisos: Não é a primeira vez que escrevemos as nossas próprias músicas. No primeiro álbum[7] há uma música nossa e três no álbum de Natal[8]. E ao vivo, também músicas próprias. Nesse sentido, não é algo totalmente novo para nós. Mas, no novo álbum a proporção entre covers e composições originais mudou. Estivemos sete anos fazendo versões de canções e, eventualmente, você chega a desenvolver uma certa rotina e se repetir um pouco. Por isso, decidimos fazer só alguns covers e aumentar o número de composições próprias. Para nós foi um passo lógico.
Sam: Você tem que se desenvolver um pouco mais e se reinventar como qualquer outra banda. Elvis fez isso também, basicamente.
Basti: Quando você faz uma versão de uma música, você se limita. Você deve manter as harmonias e só pode mudar pequenas coisas. É como usar um espartilho muito apertado. Com músicas próprias você é totalmente livre e começa a partir de zero. No final, isto levou a ter no novo álbum uma maior variedade de estilos. Do Rock ‘n’ Roll clássico com elementos mais modernos até músicas mais Doo-Wop. Ou seja, muita variedade!

O seu novo álbum se chama “Game Day”. Vocês são jogadores?

Basti: No ano passado, fui pela primeira vez a Las Vegas e percebi: Realmente eu não sou um jogador. Os meus amigos me convenceram a me sentar na frente a um caça-níquel. Quando você ganhava uma rodada extra, era tocada uma música de “The Monkees”. Então eu fiquei jogando principalmente para ganhar as rodadas extras e ouvir a música. 
Sam: O que Basti realmente está querendo dizer é: ele é apenas um jogador de futebol! Eu estive um par de vezes no casino e joguei Black Jack[9]. Embora, na verdade, eu só tenha assistido às pessoas jogando e apostando nelas. Até agora não sei como funciona realmente. Para nós é como uma tradição, não é simplesmente pegar o nome de uma música para colocar como título do álbum, senão encontrar um nome genérico para todo o álbum. E não é tão fácil, é quase como escolher um novo nome para a banda. No final, escolhemos “Game Day” [em tradução livre: Dia de Jogo] porque por um lado está associado a “The Baseballs” e ao jogo baseball e pelo outro lado porque neste álbum tentamos ter, musicalmente, muita variedade.  


Em esta turnê vocês vão tocar nas suas cidades natais. Qual é a sensação de estar tocando em casa?

Sam: Para mim, vai ser o primeiro show na minha cidade natal, Reutlingen. Claro que já estivemos em Stuttgart, mas nunca foi exatamente na minha casa. Tenho visto acontecer com os outros dois, que sempre vão toda a família, amigos, conhecidos. E é diferente. É tenso e traz um certo nervosismo positivo que afeta um pouco o show. Membros da família podem ser muito honestos. Realmente, muito honestos. Mas, quando o show acaba, é muito bom ver todos eles nos bastidores e se reunir com eles. 
Basti: Ou você pode leva-los a um antigo pub. É legal ver durante o show tantas pessoas conhecidas na plateia. É uma experiência muito diferente e sempre muito divertida.
Digger: Honestamente, eu sempre tento colocar poucas pessoas na lista de convidados. Sempre há um pouco de pressão.  Quando você convida as pessoas para o seu próprio shiow, e eles aceitam, você nunca terá 100 % de certeza de que eles gostam do estilo musical. Eu não tenho amigos Rock ‘n’ Rolleros que falem:  Vamos ouvir de novo o álbum de Elvis.
Sam: Além de que nós somos de Magdeburg e Reutlingen que são cidades pequenas. Se colocamos todos os nossos amigos na lista de convidados, o clube ficará lotado. E nós queremos vender ingressos.

Vocês são muito bem-sucedidos na Alemanha, mas na Finlândia, Suécia, Noruega e Bélgica vocês estão no primeiro lugar. Como vocês explicam o sucesso no exterior?

Sam: O louco é que os números de vendas na Alemanha também são muito bons. Mas, isso está mais relacionado ao fato de serem países menores.
Digger: Não era na Finlândia que, teoricamente, todo mundo tem um álbum nosso?
Sam: Segundo o número de vendas, sim. Na verdade, é totalmente louco! Nós nunca tínhamos conseguido algo assim na Finlândia antes.
Digger: E em Münster cada habitante tem duas bicicletas. Ou seja, se nós déssemos como brinde o nosso CD em cada compra de uma pequena bicicleta, todo Münster teria o nosso álbum.
Basti: Como já foi dito, na Alemanha, também temos um número relativamente grande de vendas. Em algum lugar, eles devem estar. Eu espero que não seja no escritório da nossa gravadora. Não, nós fizemos algumas aparições nos principais programas de TV da Escandinávia e, naturalmente, isso aumenta bastante a nossa visibilidade. Nós não tivemos isso na Alemanha. Até agora. Agora estamos na pré-seleção do ESC!

Até que ponto são diferentes as cenas musicais alemã e escandinava?

Digger: A Alemanha é mais um país de rádio, somos mais passivos em termos musicais. No exterior está o Spotify e outras plataformas semelhantes onde você pode ouvir a sua música preferida repetidamente. Aqui é mais comum o que está na moda, o que é tocado repetidamente nas rádios. Mas, eu também posso entender que nós podemos ser comparados com Usher e Rihanna... em um nível superior. 
Sam: Somos chamados também de A Banda Mais Humilde do Mundo!
Basti: É preciso dizer que a programação radial é diferente nos países onde somos muito bem-sucedidos. Na Alemanha, está mais focada na música pop americana, baseadas nas rádios concorrentes e no que é tocado nelas. 
Digger: Talvez aqui há um certo temor de perder ibope. No exterior, não existo isso. Eles tocam uma vez e esperam a reação dos ouvintes. 


 Onde vocês podem caminhar sem serem reconhecidos, em Berlim ou Estocolmo?

Sam: Quando alguém fica nos olhando, eu não acho que tenhamos sido reconhecidos como da banda senão que tenha encontrado os nossos penteados engraçados ou tenhamos algo no rosto.
Basti: Na Alemanha, somos raramente abordados na rua, acontece com mais frequência no exterior.
Digger: Nós somos abordados porque simplesmente somos muito lindos!
Sam: Como já foi dito, somos chamados de A Banda Mais Humilde do Mundo!
Basti: Bem, se você anda na rua com um topete, você naturalmente será observado com frequência. É difícil saber com certeza.
Sam: Mas, é claro, que você se sente muito honrado se um ou outro fã reconhece você na rua. Uma das experiências mais engraçadas a este respeito foi em Berlim. Quando recém tínhamos acabado de formar a banda, muitas pessoas diziam: Olha, esses três se parecem com ‘Johnny Bravo’! E uma vez, quando estávamos viajando de noite pela estrada, um grupo de rapazes passou por nós e falaram: Olha, esses três se parecem com ‘The Baseballs’. E nós apenas pensamos: Finalmente agora conseguimos!

Quando você pensa em Rock’n’Roll, as groupies não podem ser deixadas de lado, certo?

Basti: Existem. Mas, não é que tenha constantemente 200 fãs olhando através dos para-brisas. Deve haver entre oito e dez pessoas já às 7 da manhã na porta do local do show que correm para o palco assim que as portas abrem.  Muitas vezes já aconteceu de nossas fãs passarem por nós, enquanto ainda estamos fazendo entrevistas no corredor do local, e nem notar a nossa presença por estarem focados em ocupar as primeiras filas. Realmente é muito bom ter fãs tão leais. Seriamos muito estúpidos se nos queixássemos por elas estarem nos seguindo.

O que os fãs jogam no palco durante seus shows?

Sam: Muitas coisas, não só calcinhas.
Digger: Quando tocamos em Stuttgart e imediações, eles também jogam macarrão. Então, nós temos algo para comer no ônibus da turnê.
Sam: Na Suécia, as meninas jogam pacotes de goma de mascar no palco.

Por quê?

Digger: No pacote tem uma mensagem perguntando o número do nosso quarto de hotel.
Sam: No começo, nós achávamos que apenas estávamos com mau hálito que chegava até as primeiras fileiras.
Digger: Mas, vamos ser honestos. Sem nossos fãs não estaríamos onde estamos agora. Simplesmente assim. Mas, eu ainda não sei como reagir quando recebo presentes das nossas fãs. No fundo nós retribuímos de algum jeito, com nossa música.
Basti: Por exemplo, numa entrevista me perguntaram qual era o meu animal favorito. Foi tão inesperado que não vinha nada em mente então eu simplesmente disse ‘Vaca’. E desde então, eu recebo um monte de vacas de pelúcia. É realmente incrível como as pessoas são tão atentas.

Katy Perry gosta das versões de vocês das músicas dela. Se pudessem escolher: Quem deveria fazer uma versão das composições próprias de vocês?  

Basti: Seria ótimo se alguma vez alguém fizesse uma versão das nossas músicas. Após anos fazendo versões de outros, seria uma situação muito estranha. Não temos em mente nenhum artista em especial. O importante é que a música fique legal e que seja uma versão completamente diferente.
Sam: Se alguém escolhesse uma música nossa para fazer uma versão, ficaríamos muito felizes. Independentemente de quem seja.
Basti: Eu só espero que eles não falem: apenas queríamos melhorar a música!

Assista à apresentação da banda no Eurovision:




[1] Festival Eurovisão da Canção. Concurso anual de canções transmitido pela televisão com participantes de diversos países cuja televisão nacional transmissora é membro do European Broadcasting Union. 
[2] Echo é um prêmio alemão entregue todo ano pela Academia Alemã de Áudio. O vencedor de cada ano é determinado pelas vendas do ano anterior.
[3] Eles também ganharam a categoria “Revelação Nacional”
[4] Norddeutscher Rundfunk (NDR, Radiodifusão do Norte da Alemanha) é uma emissora pública de rádio e televisão, sediada em Hamburgo.
[5] ‘Mo Hotta Mo Betta’ e ‘Goodbye Peggy Sue’
[6] Lamentavelmente, The Baseballs foi eliminado na primeira ronda.
[7] Realmente, a primeira música própria (‘Hard Not To Cry’) aparece no álbum “String ‘n’ Stripes”.
[8] “Good Ol’ Christmas”
[9] Também conhecido como “21”

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